Mariah Carey é uma das atrações do Rock in Rio 2024, no último dia de evento. A cantora fecha os trabalhos no palco Sunset, às 22h45 deste domingo (22), e a promessa é de uma exibição vocal de gala. A artista impressiona pela longa extensão de voz e a capacidade praticamente operística de disparar sons agudos com controle e facilidade.
Desde o final dos anos 1980, quando começou a fazer sucesso, Carey se notabilizou pelo alcance de voz, ou seja, a variedade de notas que consegue alcançar. O registro de Mariah engloba cinco oitavas, o que é bastante: para efeitos de comparação, o famoso tenor Luciano Pavarotti chegava a quatro oitavas, assim como o lendário Freddie Mercury, frontman do Queen.
A cantora pode chegar a notas tão baixas quanto um F2, e ao mesmo tempo alcançar um G7 perto do inaudível para o ouvido humano. Notas muito agudas ficam fora do nosso espectro e só são detectadas por alguns poucos animais na natureza. Esse é o tamanho da extensão vocal de Mariah Carey.
Quando se fala em notas musicais, é importante notar que existem várias formas de representá-las graficamente. Em países de língua inglesa e alemã, principalmente, é comum que se use as sete primeiras letras do alfabeto para cada nota, começando com A = Lá, até G = Sol. Já os números na frente indicam as oitavas, ou subdivisões de cada nota em relação à sua próxima ou anterior.
A voz de Mariah Carey
Críticos já descreveram a tessitura vocal de Mariah Carey como a de uma soprano coloratura. Isso significa que sua voz é não apenas do tipo mais agudo, como também tem facilidade para se mover, ou “mudar de cor”, no jargão operístico.
Isso pode ser notado em muitas canções onde Carey parece brincar livremente com a variação de tom, com semelhanças em relação a algumas técnicas de scat singing (usada no jazz para improvisação para cantar sem letra).
A artista já declarou que tem nódulos nas cordas vocais, que a forçam a cantar sempre de forma muito aguda. Diante disso, que passou por treinamento especial para poder continuar com essa condição.
Sobre a variação de tom e capacidade de improviso com a voz, a crítica Sasha Frere-Jones, do The New Yorker, escreveu (com base na música “Vision of Love”):
“O som de Carey muda quase a cada verso, mudando de um tom metálico para um rosnado vibrante e então para um murmúrio úmido e ofegante.”
Em sua quinta passagem pelo Brasil, além do Rock in Rio, Mariah Carey se apresentou em São Paulo na última sexta-feira (20). Curiosamente, é apenas a segunda vez em que a cantora traz shows completos para o país, já que nas três primeiras ocasiões, apenas fez aparições em programas de TV e participou de eventos promocionais.
Alcance vocal
A Classic FM analisou a extensão vocal de diversos cantores clássicos e da música pop. Mariah Carey tem o maior alcance entre todos os analisados, mas nem por isso os nomes que citados são menos impressionantes. Alguns chegam perto da marca impressionante da cantora, mesmo sem parecer.
É o caso de David Bowie, que cantava entre G1 e G#5, uma extensão realmente impressionante. O mesmo pode ser dito de Prince, que variava entre E2 e B6, a segunda nota mais alta entre os citados, perdendo apenas para o G7 de Mariah.
Também é interessante notar a comparação entre quatro cantores: Montserrat Caballé, Maria Callas, Beyoncé e Freddie Mercury. Os quatro tinham como alcance máximo agudo um imponente E6, com variações apenas no registro baixo. As duas sopranos clássicas estavam próximas, com F#3 e G3, enquanto Beyoncé consegue chegar a um A2 mais grave. Mercury, até mesmo por ser homem, registrou um F2 sólido nos backing vocals de “Somebody to Love”.
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