Na última quinta-feira (19), estreou na Netflix a série “Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story”. Trata-se da segunda parte da antologia “Monster”, um drama que mostra crimes reais. Desta vez, foi contada a história dos irmãos Menendez, que estão presos até hoje por terem assassinado os pais – José e Mary Louise “Kitty” Menendez.
Lyle e Erik nasceram com três anos de diferença em uma família rica, já que o pai era um executivo de Hollywood. Também treinavam tênis desde pequenos.
Na noite de 20 de agosto de 1989, quando tinham 21 e 18 anos, respectivamente, os irmãos surpreenderam os pais na casa onde todos viviam, em Beverly Hills, e os mataram com tiros de espingarda. O casal estava assistindo TV quando foram assassinados. José levou 6 disparos (um deles quase o decapitou), enquanto Kitty foi atingida por 10 (muitos no rosto, a deixando irreconhecível).
Investigação e prisão
O próprio Lyle informou o crime à polícia, obviamente sem informar que ele e o irmão eram os autores. A investigação correu pelos próximos meses.
Às autoridades, os irmãos disseram que encontraram os pais mortos em casa ao voltar do cinema. Alegaram ainda que o crime poderia ter relação com a máfia. Tudo inventado.
Nos meses seguintes, os irmãos torraram parte da fortuna da família. Gastaram com carrões e roupas, adquiriram restaurantes e imóveis — inclusive abandonando a mansão em Beverly Hills onde residiam — e Erik até contratou um técnico de tênis particular, já que tinha a intenção de jogar profissionalmente.
Isso, claro, levantou suspeitas por parte da polícia. Com provas obtidas através do terapeuta que atendia os dois, Lyle e Erik foram presos em 1990, com dois dias de diferença.
O terapeuta, aliás, teve papel chave — ainda que involuntariamente. Erik confessou o crime para o profissional, Jerome Oziel, e o ameaçou para manter tudo em segredo. Porém, ele contou para sua namorada na época, Judalon Smyth, que fez a denúncia à polícia após o fim da relação.
Julgamento dos irmãos Menendez
Julgados inicialmente de forma separada, os irmãos Menendez confessaram o assassinato dos pais. Alegaram ter sofrido abusos físicos, psicológicos e sexuais do pai, principalmente quando tinham na faixa de 6 a 8 anos de idade, mas persistentes ao longo de toda a vida — inclusive semanas antes do crime.
Sem conclusão nos casos separados, os irmãos Menendez foram julgados juntos em 1995. Desta vez, detalhes do crime, como uma cápsula de bala de espingarda encontrada no bolso de um deles, foram enfatizados em relação às acusações de abuso — ainda que alguns parentes tenham testemunhado a favor de Erik e Lyle, alegando confissões antigas por parte dos dois.
Em 1996, Lyle e Erik foram condenados a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. Até hoje, pessoas da família defendem os irmãos da acusação de que mataram os pais apenas para ficar com a herança.
Em 2005, em entrevista para a revista People, Erik – o mais novo da dupla e que alega ter sofrido mais abusos – declarou o seguinte:
“Não estou dizendo que o que eu fiz foi certo ou justificável. Eu precisava ser preso. Mas coloque outra criança em minha vida e veja o que acontece. Eu senti que era minha vida ou a vida dos meus pais… ser preso foi um alívio tão grande. Minha vida estava acabada e eu estava feliz. Eu não queria o dinheiro.”
Lyle e Erik ficaram presos em locais separados até 2018.
Ficção vs. Realidade
No geral, “Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story” faz um bom trabalho ao contar a história dos dois irmãos. Porém, como esperado por pertencer ao gênero cinebiografia, também toma suas liberdades artísticas — embora sejam poucas.
Alguns detalhes não são exatamente reais, como a misteriosa Norma, com quem Lyle conversa ao telefone. Na trama verdadeira, ela não é tão importante assim.
Há também uma diferença no depoimento de Donovan Goodreau. Porém, nada que altere os acontecimentos.
Por outro lado, elementos da trama que parecem absurdos são realmente verdadeiros. Os irmãos Menendez realmente conheceram O.J. Simpson na prisão e o orientaram a respeito de alguns trâmites.
O mesmo em relação ao período em que Lyle e Erik gastaram dinheiro em hotéis e todo o tipo de luxo. Ao todo, a dupla teve despesas de aproximadamente US$ 700 mil, o equivalente a US$ 1,5 milhão na cotação atual.
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