Ao longo de suas seis décadas de carreira, o The Who disponibilizou 12 álbuns de estúdio. Sem dúvida, discos como “Tommy” (1969) e “Who’s Next” (1971) são amplamente conhecidos e celebrados pelo público. Por outro lado, para Roger Daltrey, um trabalho em específico é subestimado em relação aos demais.
À revista Uncut (via Far Out Magazine), o vocalista manifestou seu apreço pelo “The Who by Numbers” (1975). Em suas próprias palavras, o disco contém um ótimo material, apesar dos bastidores um tanto quanto complicados devido à fragilidade do guitarrista e principal compositor Pete Townshend.
Primeiramente, ele explicou a respeito do cenário:
“‘Who By Numbers’ é muito sombrio porque Pete estava passando por um sofrimento terrível, mas eu não percebi isso na época. Ele também estava começando a se colocar em uma situação muito protetora, onde não compartilhava nada, o que colocou o resto de nós em uma posição muito difícil porque você não quer perturbar alguém nessa situação. Nós pensamos, ‘se ele quer espaço, nós daremos espaço’, quando o que deveríamos ter feito era perguntá-lo: ‘você está bem, Pete? Mas ele era e continua assim. ”
Como pontuado, por causa do momento difícil, o disco ganhou um caráter mais sombrio e profundo. Ainda assim, o vocalista não enxerga tal projeto de maneira negativa:
“Há um lado de Pete que é como um muro e o que ele realmente quer que você faça é derrubar o muro e atravessá-lo, o que exige muito esforço o tempo todo. Eu entendo agora, mas não entendia naquela época. Então isso levou a este álbum inquietante, profundo e introspectivo. Ele estava bebendo muito e acho que estava tendo problemas com seu casamento, tentando equilibrar a vida familiar com o rock’n’roll. Porque não dá para equilibrar as duas coisas. Mas eu amo esse álbum.”
A opinião de Pete Townshend
Aparentemente, Pete Townshend não concorda com o colega de banda. À Billboard em 2011, o guitarrista afirmou que o antecessor “Quadrophenia” (1973), segunda ópera-rock do quarteto, representou o desfecho de sua época mais produtiva, o descrevendo como o “último grande álbum” do grupo.
Ele disse, conforme resgate também da Far Out Magazine:
“A razão pela qual ‘Quadrophenia’ é tão importante para mim é que eu o considero o último grande álbum do The Who, realmente. Nunca mais gravamos nada que fosse tão ambicioso ou audacioso. É um trabalho precioso para mim, uma espécie de disco de virada.”
Sobre “The Who by Numbers”
Lançado em outubro de 1975, “The Who by Numbers” é o sétimo álbum de estúdio do The Who. Produzido por Glyn Johns, o disco ficou marcado pelas composições profundas e pessoais. “Squeeze Box” e “Slip Kid” saíram como singles do projeto, que chegou ao sétimo lugar da parada britânica.
Como apontado pelo jornal The Times, à época da criação, Pete Townshend lidava com o alcoolismo, detalhado na faixa “However Much I Booze”. Ainda passava pela crise dos 30 anos de idade.
O músico acreditava que estava “velho demais para tocar rock’n’roll” e tinha medo de que o The Who perdesse a relevância. Segundo a Far Out Magazine, o próprio disse a respeito do processo de criação:
“As músicas foram compostas comigo completamente chapado na minha sala de estar, chorando muito, desconectado do meu próprio trabalho e de todo o projeto. Eu me sentia vazio.”
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