O Pink Floyd nunca escondeu a importância dos Beatles para a carreira da banda. Especificamente o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967) exerceu grande influência no trabalho dos músicos, com o baterista Nick Mason até mesmo atribuindo a existência do grupo ao Fab Four.
Para Roger Waters, o quarteto de Liverpool conseguiu um grande mérito na indústria. Durante participação no documentário “Se estas paredes cantassem…” (2022), a respeito do lendário estúdio Abbey Road, o músico abordou o assunto.
Primeiramente, o artista relembrou o famoso encontro que ele e os colegas tiveram com os Beatles no local em 1967. À época, ambas as bandas gravavam materiais por lá – no caso do então novato Pink Floyd, o disco de estreia “The Piper at the Gates of Dawn” (1967), como destacado:
“Tínhamos assinado contrato com a EMI. E foi por aí que chegamos aqui (em Abbey Road). Estávamos no Estúdio Três e os Beatles no Estúdio Dois. Estávamos no Abbey Road enquanto faziam ‘Sgt. Pepper’s’ e nós, o nosso primeiro álbum. Então, houve um convite para irmos ver o que se passava. Nós éramos novos no pedaço, e eles eram os veteranos. É uma parte fascinante da história.”
Ao observá-los, o baixista ficou impressionado. No mesmo momento, percebeu que, em suas palavras, estava diante de uma “coisa extraordinária”:
“Estávamos indo ao Zephyr 6, no norte da Inglaterra, e a June Child, que dirigia, parou no acostamento. Ficamos sentados ali e ouvimos ‘Sgt. Pepper’s’, e eu fiquei tipo: ‘É f*da, que coisa extraordinária’. E era mesmo. E é, obviamente.”
Logo, o instrumentista reconheceu um dos grandes feitos dos Beatles: a maneira como permitiram que “toda uma geração de jovens escrevesse canções sobre coisas reais”. Ele explicou:
“Acho que os Beatles libertaram toda uma geração de jovens mulheres e homens ingleses, permitiu que escrevessem canções sobre coisas reais. E tivessem a coragem de aceitar os sentimentos.”
Pink Floyd e Beatles
Conversando com uma estação de rádio em 2020, Nick Mason se recordou da importância de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” para validar o que fazia o Pink Floyd naquela época.
Antes de 1967, o mercado fonográfico era bem centrado nos singles. Porém, o disco dos Beatles trouxe atenção aos discos como um todo.
Por isso, para o baterista, o Pink Floyd não poderia trabalhar da forma que atuou no futuro sem que “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” abrisse portas e rompesse barreiras. Ele afirmou:
“Gravamos nosso primeiro álbum no Abbey Road Studios e, no final do corredor, os Beatles faziam ‘Sgt. Pepper’s’. Fomos convidados para visitar os ‘deuses’ e eles estavam gravando a música ‘Lovely Rita’. Foi um momento crucial, porque, sem os Beatles, nós talvez não existiríamos. ‘Sgt. Pepper’s’ foi o álbum que mudou a cara da indústria fonográfica. Até então, o foco era nos singles. Esse foi o primeiro álbum que vendeu mais que singles e permitiu que bandas como nós tivessem mais tempo e liberdade em estúdio, para fazer o que queríamos.”
À época, David Gilmour ainda não era membro da banda. Contudo, mesmo sem presenciar tal feito, o guitarrista e vocalista talvez tenha sido o maior dos fanáticos pelos rapazes de Liverpool.
Durante participação no tradicional programa da rede de rádios BBC “Tracks of My Years” no ano passado, o músico colocou “You’ve Got to Hide Your Love Away” na playlist de sua vida. E justificou:
“Eu fui um daqueles fãs absolutamente louco dos Beatles. ‘You’ve Got To Hide Your Love Away’ é, eu acho, o primeiro momento de John Lennon sendo influenciado por Bob Dylan. É muito na veia de Bob Dylan. Portanto, é apenas um exemplo de centenas de coisas que eu poderia escolher. Qualquer coisa dos Beatles, na verdade. Canção fantástica.”
Já em 2015, o terceiro líder do Floyd confessou que gostaria de ter feito parte do grupo, de alguma forma.
“Eu realmente gostaria de ter estado nos Beatles. Eles me ensinaram a tocar. Não apenas guitarra, mas eu aprendi tudo. As partes do baixo, o solo, o ritmo, tudo. Eles foram fantásticos.”
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Os ingleses souberam vender muito bem sua cultura. Para isso construíram uma estrutura poderosa em Abbey Road e outros estúdios.