O que fez o nu metal começar a perder respeito, segundo Daron Malakian

Guitarrista do System of a Down recorda que a cena heavy estava em momento de baixa quando o subgênero surgiu

O nu metal ajudou a recolocar o som pesado nas paradas após um período de baixa. Quem garante é Daron Malakian, guitarrista do System of a Down.

Não dá para dizer que é mentira. Na segunda metade dos anos 1990, com raras exceções, as bandas mais pesadas passavam por maus bocados, especialmente nos Estados Unidos.

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Ainda assim, o subgênero sofreu com as críticas dos headbangers, muito por conta de influências externas ao mundo do rock em suas músicas. Com o passar do tempo, os principais grupos triunfaram e seguem sendo nomes relevantes na indústria, com cada vez menos detratores.

Lembrou o músico à Metal Hammer, com repercussão do Ultimate Guitar:

“Tenho orgulho dessa cena. Sempre houve muita coisa acontecendo em Los Angeles, desde os anos 60 com o The Doors, até bandas como Eagles nos anos 70, a era do glam rock… Houve uma cena musical em Los Angeles quase constantemente durante esse tempo e estou feliz por ter contribuído para isso. Sinto que não saiu muita coisa de Los Angeles desde o System of a Down, então parece que o nu metal foi o último grupo de bandas a realmente surgir de lá.”

Malakian também acredita que o System of a Down não se encaixa perfeitamente nos limites do nu metal. Mas admite que algumas tendências da época podem ser reconhecidas em suas composições.

“Pode haver coisas particulares na maneira como escrevo ou mesmo na maneira como o System of a Down é como banda que você certamente pode misturar nessa categoria. Mas sempre tive um grande respeito pelos que estavam fazendo suas próprias coisas dentro desse movimento. Eu odeio categorizar a música em geral. Não acho que o System of a Down soe como o Korn, todos nós simplesmente surgimos ao mesmo tempo.”

A queda do metal e as cópias das bandas que faziam sucesso

Daron exemplifica o momento ruim de quando o SOAD surgiu através de uma turnê realizada no final do século passado. Apesar de ele não citar, o Sepultura também estava na excursão em questão.

“Serei honesto, nós surgimos em uma época em que o metal não estava indo tão bem. Quando fizemos a primeira turnê com o Slayer, em 1998, eles não estavam tocando em arenas, mas em teatros nos Estados Unidos. Nós passamos do metal sendo enorme nos anos 80 para a cena de Seattle chegando e meio que matando muito do que existia, como as bandas de speed metal daquela época. Isso inclui muitas que eu realmente amava. Mesmo no final dos anos 90, parecia que o rock alternativo era mais popular, então esse grupo de bandas que você possivelmente chamaria de nu metal, ou metal alternativo e eventos como o Ozzfest realmente trouxeram o metal de volta ao mainstream.”

No entanto, o guitarrista reconhece que o declínio da cena veio pelo mesmo motivo que levou várias outras pelo mesmo caminho: o excesso de “clones”.

“Mas então você teve essas bandas que surgiram e todas soavam parecidas e acho que foi aí que começou a perder o respeito. Virou um cortador de biscoitos e cada gravadora queria sua própria versão de qualquer banda que fosse grande na época. Boa sorte em encontrar quatro caras armênios! As bandas que surgiram naquela cena para começar, como nós, Korn e Deftones, estavam apenas tentando fazer algo original e levar o metal a um outro nível, mesclar coisas diferentes.”

System of a Down atualmente

Em 2024, o System of a Down realizou apenas dois shows, ambos nos Estados Unidos. A banda segue sem lançar um álbum completo desde 2005, quando saiu a dobradinha “Mezmerize” e “Hyptnotize”.

Em novembro de 2020 saíram as músicas “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz”. As faixas foram motivadas pelo conflito entre Artsakh e Azerbaijão, com todos os rendimentos sendo revertidos aos esforços humanitários na Armênia, terra natal dos ancestrais dos músicos. Junto com outras doações de fãs em suas páginas nas redes sociais, eles arrecadaram mais de US$ 600 mil.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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