David Gilmour não é um otimista em relação ao futuro da indústria musical. Em sessão de perguntas e respostas com os fãs, o vocalista e guitarrista foi questionado sobre o que acharia da ideia de que a indústria musical deveria criar um fundo para apoiar a música popular no Reino Unido por meio de uma taxa autoimposta sobre ingressos de shows.
Reconhecendo que a situação é muito difícil, o músico deixou claro que o momento não é propício para quem ainda se aventura nas gravações. Também aproveitou para dar uma cutucada em quem está “no comando”.
Disse o ex-Pink Floyd ao The Guardian:
“Eu acho que a indústria musical é difícil hoje em dia. Para as pessoas que estão gravando, as recompensas não são justificáveis. Os ricos e poderosos desviaram a maior parte desse dinheiro. Tive a sorte de fazer parte dos anos dourados, quando havia uma fatia muito melhor indo para os músicos.”
De forma objetiva, Gilmour respondeu à pergunta do leitor de forma positiva.
“Apoio qualquer coisa que possa ser feita para tornar o caminho mais fácil. O músico que trabalha hoje tem que sair e tocar ao vivo – eles não conseguem sobreviver de outra forma. Não conseguirão se sustentar pelo processo de gravação e isso é uma tragédia, porque não está encorajando a criação de novas músicas. Não é a melhor era pela qual o mundo passou, pois gradualmente todo o trabalho se move para robôs e IA, e a quantidade de pessoas que ganham dinheiro fica cada vez menor enquanto os poderosos ficam cada vez mais ricos. ‘Dane-se todo mundo’ parece ser a atitude.”
David Gilmour não acredita em um “novo Pink Floyd”
Durante outra recente entrevista, ao canal ITV News, David Gilmour foi ainda mais forte nas críticas à indústria. Em suas palavras, o problema está na ganância das gravadoras, que parecem não ter o mesmo apreço por investir em nomes jovens da maneira que costumavam fazer.
Conforme transcrição da Ultimate Classic Rock, ele disse:
“[O Pink Floyd] foi parte de uma era de ouro. Havia muitas gravadoras cujas ideologias envolviam investir dinheiro no futuro de jovens talentosos. E isso não parece acontecer agora da mesma forma, infelizmente. Talvez por ganância? Suponho que por um pensamento a curto prazo.”
A ideia de que a sua geração de músicos viveu em uma indústria diferente inspirou a composição da faixa-título do álbum recém-lançado “Luck and Strange” (2024). À Rolling Stone, o artista explicou:
“A ideia dessa música é a de que nós, baby boomers, a geração pós-Segunda Guerra, pensávamos que estávamos entrando em uma espécie de era de ouro. Nosso primeiro-ministro naquela época, Harold Macmillan, dizia a famosa frase: ‘você nunca teve uma vida tão boa’. Foi tão maravilhoso viver isso. E a experiência das pessoas que estavam nas bandas de rock, sendo capazes de fazer turnês, foi uma coisa linda e adorável.”
A turnê “Luck and Strange”
David Gilmour iniciou a turnê de divulgação “Luck and Strange” no último fim de semana no Circo Massimo, em Roma, Itália. Registros das duas primeiras apresentações podem ser conferidos clicando aqui.
O formato de várias datas em um mesmo local será adotado durante toda a excursão. A ideia é poupar o músico de 78 anos de viagens extensas e em curtos períodos.
Entre 9 e 15 de outubro, o músico sobe no palco do lendário Royal Albert Hall em Londres, Inglaterra. Os derradeiros compromissos até o momento se darão nos Estados Unidos. Em 25 de outubro, o show é em Inglewood, Califórnia, arredores de Los Angeles. A cidade de LA recebe o giro nos dias 29, 30 e 31 do mês. Fechando de vez a agenda, de 4 a 10 de novembro é a vez do Madison Square Garden, em Nova York.
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