A relação entre David Gilmour e Roger Waters degringolou de tal forma nos últimos tempos que o primeiro sequer consegue mencionar alguma das clássicas letras escritas pelo desafeto e ex-colega de Pink Floyd. O desafio foi proposto durante recente sessão de perguntas e respostas com fãs.
Para escapar, o vocalista e guitarrista recorreu a uma canção gravada antes mesmo de sua entrada no Pink Floyd. Ela data de 1965 e só foi ganhar lançamento oficial exatamente meio século depois, embora fosse conhecida entre colecionadores de raridades.
Disse o músico ao The Guardian:
“Nossa, deixa eu pensar um pouco sobre isso. Que tal uma música chamada ‘Walk With Me Sydney’? [o condutor da entrevista diz: ‘Não estou familiarizado com essa’] Não estou surpreso [risos]. Não acho que tenha sido oficialmente gravada.”
Pink Floyd e “Walk With Me Sydney”
“Walk With Me Sydney” foi lançada em 2015 no EP “1965: Their First Recordings”. O registro traz as primeiras gravações do Pink Floyd, no período em que a banda se chamava Tea Set. Das seis músicas do tracklist, quatro foram assinadas por Syd Barrett, com a mencionada sendo a única de Roger Waters – a outra é uma versão para “I’m a King Bee”, de Slim Harpo.
A letra diz:
“OOhh
Ande comigo, Sydney
Eu adoraria, adoraria, adoraria, baby, você sabe
OOhh
Ande comigo, Sydney
Eu adoraria, adoraria, adoraria
Ande comigo, Sydney, é uma noite escura
Vamos, vamos, me abrace apertado
Bem, eu adoraria, adoraria, adoraria
Mas tenho pés chatos
Joelhos enrugados e um corpo quebrado
Meningite, peritonite
Delírios e um cérebro cansado”
Obviamente, essa não é uma das letras mais inspiradas de Waters, o que só reforça a ideia de que Gilmour preferiu se esquivar de fazer elogios ao antigo parceiro.
As desavenças entre David Gilmour e Roger Waters
Entre idas e vindas, a relação de Roger Waters e David Gilmour pode ser considerada uma das mais instáveis da história da indústria musical. Os dois romperam nos anos 1980, quando o baixista e vocalista deixou o Pink Floyd. Após batalha judicial, o guitarrista conseguiu o direito de manter o nome.
Em 2005, aconteceu o reencontro no Live 8. As trocas de gentilezas continuaram e culminaram em uma aparição de Gilmour na agora lendária turnê “The Wall Live”, no ano de 2011. Junto ao baterista Nick Mason, os dois ainda assinaram um manifesto a favor de ajuda humanitária aos palestinos meia década depois.
No entanto, em tempos recentes, a coisa degringolou novamente. Começou após uma troca de farpas pública por conta de textos usados na reedição do álbum “Animals” (1977). Com a invasão russa à Ucrânia, a situação foi de rompimento definitivo. Apesar de condenar Vladimir Putin, Waters não ficou ao lado de Volodymyr Zelensky devido a acusações de ligações do presidente ucraniano com células neonazistas — ainda que estas não sejam maioria no Exército nem façam parte do governo do país — e, nas palavras do músico, “provocações” que teriam levado ao conflito.
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Eu sinto que existe uma leve inveja de Gilmour. Acho um fantástico músico também, mas acredito que a inveja é que alimenta esse rancor. Infelizmente para história da música.
Eu acho que David Gilmour poderia tentar disfarçar sua inveja de Roger Waters. Seria mais nobre e elegante.
Não imagino que seja possível uma nova reconciliação. Entendo que são dois gênios com pensamentos totalmente divergentes em assuntos sérios. Nos resta admirar o que foi feito por eles no passado. O resto é história.