Paul Di’Anno, que nos deixou aos 66 anos, protagonizou uma das demissões mais lembradas da história do rock. O cantor foi dispensado do Iron Maiden em 1981 e acabou dando lugar a Bruce Dickinson. A partir dali, a banda atingiu outro patamar de sucesso, enquanto o vocalista nunca mais conseguiu repetir o êxito de seus tempos com os ex-colegas.
Foram gravados dois álbuns com Di’Anno: o homônimo de 1980 e “Killers”, de 1981. São trabalhos de sonoridade mais visceral, com ligeira influência do punk, mas com a pegada heavy metal melódica que consagraria o Iron Maiden futuramente.
Em entrevistas nos últimos anos, Di’Anno falou de forma mais aberta sobre a demissão do Iron Maiden. Ao Eon Music, ele declarou, por exemplo, que saiu não só por conta do vício em drogas, como, também, pelos problemas com o baixista e líder Steve Harris.
“Gostei muito do segundo álbum (‘Killers’), mas não me impactou tanto quanto o primeiro. Não pude dar 100% de mim, o que não era justo com a banda, os fãs ou comigo. E, sim, eu estava tentando achar outras formas de fazer aquilo ser empolgante na estrada e, sim, tive problemas com cocaína.”
O cantor destacou que sua situação com drogas “não foi tão ruim como muitas pessoas dizem”.
“Mas no fim das contas, quando se tem uma máquina como o Iron Maiden, se uma parte da engrenagem dá errado, tudo acaba caindo por terra. E eu não estava preparado para o Maiden passar por aquilo, nem estava preparando para eu mesmo passar por aquilo. Citei que não estava feliz, conversamos e foi isso. Rompemos de forma amigável.”
Di’Anno ainda revelou que chegou a ir ao primeiro show do Iron Maiden com Bruce Dickinson no vocal.
“Levei a minha mãe comigo. Tivemos que ir embora antes da hora, porque as pessoas ficavam gritando por mim. Então, fomos embora.”
Paul Di’Anno não culpa o Iron Maiden
Em outra entrevista, à revista Metal Hammer, Paul Di’Anno se recordou de sua demissão. O cantor disse que não culpa os demais integrantes do Iron Maiden pela dispensa, mas que gostaria de ter oferecido mais à banda.
“Não os culpo por se livrarem de mim. Obviamente, a banda era o bebê de Steve. Porém, gostaria de ter contribuído mais. Após algum tempo, isso me deixou triste. No fim, não pude mais oferecer 100% ao Maiden e isso não era justo para os fãs, para a banda ou para mim mesmo.”
Apesar disso, Di’Anno destacou sua visão positiva a respeito de seu trabalho com o Maiden.
“Os dois álbuns que fiz com a banda foram fundamentais para o estilo. Mais tarde, quando conheci Metallica, Pantera e Sepultura e eles falaram que esses discos os colocaram na música, fiquei incrivelmente orgulhoso.”
‘Não era só uma cheiradinha’
No livro “Run to the Hills”, biografia autorizada do Iron Maiden escrita por Mick Wall, Paul Di’Anno admitiu que o vício em drogas saiu do controle.
“Não era só uma cheiradinha em cocaína. Eu estava fazendo isso sem parar, 24 horas por dia, todos os dias. A banda tinha compromissos acumulados que duravam meses, até anos, e eu não conseguia enxergar o caminho até o fim. Eu sabia que não duraria até o fim da turnê.”
A demissão de Di’Anno, no fim das contas, foi realizada justo no fim da turnê que promoveu “Killers” – ou seja, ele concluiu os compromissos. Na época da dispensa, a banda já havia pensado em seu substituto: Bruce Dickinson, que havia ganhado notoriedade com seu trabalho com o Samson.
As audições com Dickinson foram realizadas em setembro, logo quando a turnê do álbum “Killers” foi concluída. O cantor foi imediatamente contratado e alguns shows foram marcados – cinco na Itália e dois na Inglaterra – como uma espécie de teste. Deu certo.
Sobre Paul Di’Anno
Paul Di’Anno, vocalista conhecido por ter gravado os primeiros álbuns do Iron Maiden, morreu aos 66 anos. A informação foi confirmada através do selo Conquest Music.
Di’Anno gravou os álbuns “Iron Maiden” (1980) e “Killers” (1981), saindo para a entrada de Bruce Dickinson. Seu primeiro projeto após deixar a banda foi o Di’Anno, com sonoridade mais comercial. O nome foi reaproveitado na virada do século, com uma banda formada apenas por instrumentistas brasileiros.
A seguir fundou o Battlezone, com sonoridade mais pesada. O grupo existiu entre 1985 e 1989, retornando brevemente em 1998. Na sequência veio o Killers, que teve no álbum “Murder One” (1991) o trabalho mais elogiado do vocalista fora do Maiden.
Também gravou e excursionou com Gogmagog, Praying Mantis, Scelerata e Architects Of Chaoz, entre outros. Nos últimos anos, participou do Warhorse, com músicos croatas, aproveitando sua estadia no país para tratamento visando readquirir independência de locomoção.
Nos últimos anos, os fãs acompanharam os problemas de saúde de Paul Di’Anno. Uma mobilização mundial foi feita para que o cantor pudesse ter acesso a um tratamento para lidar com problemas em seus membros inferiores.
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