Por que Serj Tankian sugeriu que System of a Down seguisse com outro vocalista

Cantor fez a proposta em 2017, visando não deixar os colegas desconfortáveis com sua falta de disposição para novas atividades

Nos últimos tempos veio a público a revelação de que Serj Tankian chegou a oferecer aos músicos do System of a Down a possibilidade de prosseguir com outro vocalista. O artista não queria se tornar um fardo para os colegas caso desejassem ter maior tempo ativo de banda, algo que ele não desejava mais.

Como sabemos, a proposta foi negada, embora um substituto até tenha sido cogitado pelos instrumentistas. Em nova entrevista à Guitar World, o cantor entrou em maiores detalhes, contando até mesmo que tinha alguns parâmetros para que a ideia fosse adiante.

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Ele disse, conforme repercussão do Ultimate Guitar:

“Não acho que você poderia ter o System sem um de nós. Eu sempre disse que não quero estar naquela banda com outras pessoas, porque há essa singularidade no que fazemos. Ok, se alguém não pode fazer um show e nós conseguimos um substituto, então talvez… mas essa é uma circunstância única.

Eu não gostaria de estar em uma banda com mais ninguém além de Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan. Há uma especialidade sobre o que acontece quando tocamos juntos – só pode vir de nós quatro. O System nunca seria o mesmo com mais ninguém.”

Posto isso, Serj começou a destacar o que havia por trás de seu plano ao se propor a ceder espaço.

“Não queria restringir os outros e suas capacidades de ganhar a vida fazendo o que amam. Então, abri a porta para a possibilidade de eles poderem trabalhar sem mim, e isso sempre esteve na mesa. Eles poderiam querer fazer muitas turnês e eu não, ou gravar um disco que eu não gostaria. Não quero ficar no caminho deles. Mas espero que um dia todos nós possamos nos entender e fazer algo só por fazer. Se será lançado ou não é secundário.”

Serj Tankian e as músicas inéditas do System of a Down

A seguir, Tankian revelou que uma de suas recentes músicas solo havia sido escrita para a banda. Da mesma forma, Daron Malakian também tinha uma que nunca foi aproveitada.

“Uma das minhas novas músicas, ‘Justice Will Shine On’, e outra música que Daron escreveu sobre o Genocídio Armênio, eram na verdade de 2015. Estávamos pensando em lançá-las naquela época, mas havia um nível de restrição ou autorrestrição. Tipo: ‘É isso que deveríamos lançar agora? É a próxima coisa que as pessoas deveriam ouvir?’ Mas eu não gosto desse tipo de pensamento. Ainda sou o mesmo músico que era no início dos anos 90. Eu quero explorar e criar algo novo. Se achamos que é bom o suficiente, então f*da-se todo mundo!”

A possibilidade de saída

Em um trecho de sua autobiografia, “Down with the System”, Tankian revelou que nunca teve o mesmo gosto dos colegas por turnês e pelo ciclo de álbuns da indústria. Isso ao seu ver lhe transformou num fardo para o resto do grupo.

Ele escreveu sobre uma reunião, ao final de 2017, durante a qual abordou o assunto:

“‘Então, quem vai me dar uma festa de despedida?’, eu perguntei à banda. ‘Um de vocês quer ser o mestre de cerimônias?’. Eu ri um pouco, mas estava sério. ‘Olha, gente, eu estive bem claro de não ter mais interesse por causa tanto das minhas costas quanto o fato de não fazer mais parte da minha visão das coisas.’

‘O negócio, contudo’, eu continuei, ‘é que não quero segurar vocês. Esse é o sonho de vocês. Aquilo que vocês trabalharam a vida inteira. Vocês merecem isso.’ Eu olhei para Daron (Malakian, guitarrista), Shavo (Odadjian, baixista) e John (Dolmayan, baterista), sabendo que o que eu diria a seguir bateria forte. ‘Acho que vocês precisam encontrar um novo vocalista’.”

Tankian havia pensado tanto no assunto a ponto de ter um substituto em mente — e ainda ofereceu ao resto da banda treiná-lo, garantindo assim uma transição amigável.

“Eu meio que pensei que eles tinham esquecido a ideia de contratar um novo vocalista, mas mais ou menos um ano depois, John, Shavo e eu estávamos em um evento de arrecadação de fundos em Glendale, e um cantor que eu conhecia se levantou e cantou essa linda música. Canção armênia. Shavo estava sentado ao meu lado na mesa. Ele se inclinou e me deu um tapinha no ombro. ‘A propósito’, Shavo acenou em direção ao cantor, ‘tentamos esse cara como cantor. O único problema era que ele não conseguia gritar e rosnar’.

Fiquei surpreso. Não por estarem fazendo testes para substitutos, mas por manterem isso em segredo. ‘Por que vocês nunca me contaram?’, sussurrei. Shavo encolheu os ombros. ‘Eu não sei’. Virei-me para Shavo, agora olhando diretamente para ele. ‘Escute, ele é um bom cantor’, eu disse. ‘Posso levá-lo para o estacionamento agora mesmo e ensiná-lo essas técnicas. Você realmente deveria considerá-lo’. Nos anos mais recentes, apresentei-lhes outro amigo como um substituto potencial que eles deveriam considerar seriamente. Mas acho que nunca o fizeram.”

A resposta dos outros integrantes do System of a Down foi convencer seu cantor a permanecer no grupo. Conseguiram. Embora esteja em ritmo mais reduzido de atividades, o SOAD continua a fazer shows esporádicos, além de ter lançado duas músicas em 2020.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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