Após 17 anos de espera, os fãs brasileiros do Toto finalmente terão a oportunidade de assistir à lendária banda ao vivo novamente. O retorno do grupo ao Brasil, com shows em São Paulo (24) e no Rio de Janeiro (26) em novembro, representa um momento especial para Steve Lukather, guitarrista e membro fundador, que expressou seu entusiasmo nesta entrevista exclusiva ao site IgorMiranda.com.br.
Além da expectativa para as apresentações, Lukather, 66, também aborda questões fundamentais que influenciaram a trajetória do Toto nos últimos anos. Entre os temas discutidos estão as dificuldades legais enfrentadas após a morte do baterista Jeff Porcaro, os desafios impostos pela indústria musical, o impacto contínuo do hit “Africa” e a saúde de David Paich, tecladista e um dos pilares da banda.
Confira abaixo.
Retorno ao Brasil e parceria com David Paich
Falta pouco para a volta do Toto ao Brasil e a empolgação de Steve Lukather é evidente. Ele comenta que vinha tentando retornar ao país há muito tempo, mas, devido a questões logísticas ou de agenda, isso não foi possível antes.
Steve Lukather e o vocalista Joseph Williams são os únicos membros fixos. A dupla é acompanhada por Greg Phillinganes (teclado e vocais), Shannon Forrest (bateria), John Pierce (baixo), Warren Ham (trompas, percussão e vocais) e Dennis Atlas (teclado e vocais)
Nos últimos anos, uma das ideias discutidas foi a possibilidade de uma turnê conjunta pela América do Sul com o Journey. Embora o projeto tenha gerado grande expectativa, Lukather explica que vários fatores acabaram tornando essa colaboração inviável. Apesar do sucesso da turnê nos Estados Unidos, seguir caminhos separados acabou sendo a melhor decisão.
“Fizemos três anos de turnês com o Journey nos Estados Unidos, com shows incríveis em arenas lotadas. Foi uma parceria fantástica, e até conquistamos alguns dos fãs deles. Hoje, eles estão em turnê por estádios com o Def Leppard, enquanto nós seguimos nosso próprio caminho. Não fazia sentido financeiro continuar juntos.”
Outro tópico importante relacionado à atual turnê é David Paich, que, por problemas de saúde, não tem participado dos shows. Apesar disso, o tecladista ainda desempenha um papel ativo nos bastidores, comandando os ensaios e tomando decisões importantes ao lado de Lukather.
“A saúde do David o impede de viajar. Ele não pode pegar a estrada, tem questões internas que o limitam. Mas ainda comanda a banda. Ele e Jeff Porcaro começaram tudo, e eu estou apenas mantendo a chama acesa, por assim dizer (…) David continua sendo um dos meus melhores amigos e está envolvido em todas as questões da banda. Ele só não pode mesmo pegar o ônibus da turnê.”
O espírito de David Paich permanece vivo no Toto, refletido tanto em seu envolvimento constante quanto no título da turnê, que diz “David Paich Presents” [“David Paich Apresenta”]. Além disso, Paich ainda protagoniza momentos especiais ao se juntar à banda no palco, como no show no Hollywood Bowl, em 1º de setembro, quando participou das músicas “Home of the Brave”, “Rosanna” e “Africa”.
Comentando sobre as mudanças inevitáveis ao longo de uma carreira tão extensa, Lukather menciona o vocalista Bobby Kimball, ex-integrante da banda, que sofre de demência e cuja saúde vem se deteriorando.
“Me diga uma banda de classic rock que ainda tem sua formação original intacta. A resposta é nenhuma. As pessoas morrem, se aposentam, adoecem, enlouquecem ou, sei lá, viram padres. Já vi de tudo (…) Bobby e eu somos amigos, mas ele olha para uma parede e já não sabe mais quem é. Pobre sujeito, está sofrendo.”
“Africa”, sucesso e redescoberta do Toto
É impossível falar sobre o Toto sem mencionar “Africa”, e o sucesso contínuo da música principal do álbum “Toto IV” surpreende até mesmo Steve Lukather, que ainda se mostra incrédulo com a longevidade do hit.
“Africa” foi a última música gravada neste que é, disparado, o campeão de vendas da discografia da banda. Lukather cita que quatro meses de som de 24 canais sincronizadas foram utilizadas na gravação.
A canção, considerada “boba” pelo próprio Lukather, conquistou o mundo justamente por ser despretensiosa. Para o guitarrista, não foi apenas a combinação de uma melodia envolvente e uma batida marcante que a tornou um sucesso atemporal:
“Talvez seja porque não há nada negativo nela. Não é uma canção de amor nem política. Assim, você não perde metade do público (…) Essa música já foi um hit três vezes para nós. E está indo muito bem agora. Nossos números de streaming são insanos, estamos fazendo mais de dois milhões de reproduções por dia.”
Mas será que o êxito de “Africa” ofusca o restante da discografia do Toto? Para Lukather, o impacto positivo da canção é evidente:
“É uma verdadeira joia. Se isso leva as pessoas a assistirem ao show completo, ótimo! A maioria das pessoas que está ouvindo nossa música no Spotify tem entre 15 e 35 anos. Por quê? Provavelmente por causa de ‘Africa’. Mas então elas descobrem que a banda tem 20 álbuns e começam a explorar o catálogo.”
Esse interesse reflete diretamente nas vendas dos álbuns antigos. Por outro lado, segundo o guitarrista, o público ainda demonstre certa resistência ao material pós-anos 1980 no repertório dos shows.
Obstáculos e continuidade do Toto na estrada
A história do Toto é marcada por grandes sucessos musicais, mas também por desafios nos bastidores. Um dos maiores obstáculos enfrentados por Steve Lukather foi a resolução de questões legais com a viúva do baterista Jeff Porcaro. Embora tenha preferido ser discreto sobre o conflito, o guitarrista deixou claro o quanto o processo foi difícil. Apesar das dificuldades, foi possível manter a banda ativa e financeiramente estável.
“Não tenho problema em pagar [a ela]. A questão foi a maneira desagradável como ela lidou com isso. Deus a abençoe. Paz e amor. Ela recebe dinheiro toda vez que eu subo no palco, então deveria estar feliz.”
O guitarrista ressaltou que manter o nome da banda vai além de ego ou lucro. Ele vê seu papel como fundamental para sustentar toda a estrutura do Toto, o que inclui o sustento de muitas pessoas envolvidas.
“Estou gerando empregos, mantendo 40 pessoas na folha de pagamento. Estou provendo o pão de várias famílias. Não é só sobre mim. Compartilho o sucesso com todos, somos uma grande família na estrada.”
As questões legais não afetaram apenas o lado financeiro, mas também o criativo. Lukather lamenta a falta de incentivo para lançar novos álbuns. Para ele, gasta-se muito para não se vender o suficiente para cobrir os custos e para nenhuma rádio tocar o material novo. Ainda assim, ele vê a possibilidade de lançar algo inédito, mesmo que em menor escala.
“Talvez gravemos mais uma música. Mas não posso garantir, porque nossa agenda já está cheia até o próximo ano. A prioridade é a turnê. Você precisa estar na estrada para ganhar a vida, e é um bom trabalho, mas tem seu preço.”
Lukather destaca com orgulho os números impressionantes das turnês recentes, com shows esgotados em toda a América do Sul e no México, onde o Toto tocou para 85 mil pessoas na capital. Para ele, esse é o verdadeiro indicador de sucesso.
“O público te diz se ainda existe demanda. E as pessoas estão ouvindo, querem ver os shows. Então, por que parar? É o melhor trabalho do mundo, se você conseguir (…) Algumas pessoas são feitas para a estrada, e eu sou uma delas. É tudo que eu sei fazer.”
O reconhecimento de um ícone da guitarra
Reconhecido por sua habilidade excepcional com a guitarra, Steve Lukather recentemente foi homenageado por um de seus ídolos. Brian May, do Queen, o mencionou como um de seus guitarristas favoritos. Ele reage:
“Isso foi inacreditável. Quando ouço algo assim, chega a me emocionar, me traz lágrimas aos olhos. Sou amigo de Brian. Ele é uma pessoa adorável e também um dos meus heróis. Quando um ídolo diz algo assim sobre mim, fico profundamente tocado. Enviei a ele um grande agradecimento.”
Lukather recorda que os dois já tocaram juntos em algumas ocasiões, como na abertura do musical We Will Rock You, em Las Vegas, quando Brian o convidou para tocar ao lado de Nuno Bettencourt (Extreme) e outros músicos. Ele também trabalhou com Roger Taylor, baterista do Queen, reforçando sua admiração pela icônica banda britânica.
“Eles são uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos. E Freddie Mercury disse coisas muito legais sobre nós quando ‘Toto IV’ foi lançado.”
Sobre a carreira fora do Toto, Lukather menciona, obviamente, sua participação no álbum “Thriller” de Michael Jackson. Porém, evita destacá-lo, ou a um único trabalho qualquer, como o mais importante.
“Obviamente, não tem como não mencionar o ‘Thriller’, já que é o álbum mais vendido de todos os tempos, mas também trabalhei com muitos outros artistas incríveis. Minha discografia pessoal é extensa, cheia de álbuns de grandes nomes, desde o pop de Michael até outros gêneros.”
Nessa discografia constam trabalhos com artistas brasileiros. Lukather fala em Gilberto Gil, com quem gravou o álbum “Realce” (1979), e ressalta que há outras colaborações, embora sua memória já não permita lembrar de todas. Ele encerra, então, convidando o leitor a descobrir mais:
“Se você procurar, vai encontrar várias.”
“Várias” é exagero do velho Luke, pelo menos em se tratando de Brasil, mas lá estão o nome dele e do então colega de Toto, Mike Porcaro, nos créditos de “Bombom”, o polêmico disco de Rita Lee e Roberto de Carvalho lançado em 1983.
Já no exterior, alguns de seus trabalhos incluem:
- Alice Cooper: “From the Inside” (1978) e “Trash” (1989);
- America: “Alibi” (1980) e “View from the Ground” (1982);
- Aretha Franklin: “Aretha” (1980) e “Love All the Hurt Away” (1981);
- Cher: “Take Me Home” (1979), “Prisoner” (1979), “I Paralyze” (1982), “Cher” (1987), “Heart of Stone” (1989) e “Love Hurts” (1991);
- Chicago: “Chicago 16” (1982) e “Chicago 18” (1986);
- David Crosby: “Oh Yes I Can” (1989);
- Elton John: “Victim of Love” (1979), “21 at 33” (1980) e “The Fox” (1981);
- George Benson: “Songs and Stories” (2009);
- Hall & Oates: “Along the Red Ledge” (1978);
- Joe Cocker: “Civilized Man” (1984) e “Heart & Soul” (2004);
- Jon Anderson: “In the City of Angels” (1988);
- Joni Mitchell: “Wild Things Run Fast” (1982) e “Dog Eat Dog” (1985);
- Lionel Richie: “Can’t Slow Down” (1983), “Dancing on the Ceiling” (1985) e “Louder Than Words” (1996);
- Michael Bolton: Soul Provider (1989) e “Timeless: The Classics Vol. 2” (1999);
- Michael Jackson: “Thriller” (1982);
- Peter Frampton: “Breaking All the Rules” (1981);
- Ringo Starr: “Postcards from Paradise” (2015), “Give More Love” (2017), “What’s My Name” (2019), “Zoom In” (2021), “Change the World” (2021), “EP3” (2022) e “Rewind Forward” (2023);
- Roger Waters: “Amused to Death” (1992).
Toto no Brasil
São Paulo
- Data: 24 de novembro de 2024
- Local: Espaço Unimed- Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda, São Paulo
- Horário de Abertura dos portões: 19h
- Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Ingressos:
- Pista Premium – R$340 (meia-entrada legal) | R$680 (inteira)
- Mezanino – R$390 (meia-entrada legal) | R$780 (inteira)
- Setores D, E e F – R$390 (meia-entrada legal) | R$780 (inteira)
- Setores A, B e C – R$490 (meia-entrada legal) | R$980 (inteira)
- Camarote A e B- R$990 (inteira)
Vendas:
- Vendas online em: eventim.com.br
- Bilheteria oficial: Espaço Unimed – R. Tagipuru, 795 – Barra Funda, São Paulo
- Funcionamento: Terça a Sábado – das 10h00 às 17h00 | Não há funcionamento aos domingos e feriados. Em dias de eventos na casa, a bilheteria só funciona para o evento do dia.
Rio de Janeiro
- Data: 26 de novembro de 2024
- Local: Arena Jockey- Praça Santos Dumont, 31 – Gávea, Rio de Janeiro
- Horário de Abertura dos portões: 19h
- Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Ingressos:
- Pista – R$195 (meia-entrada legal) | R$390 (inteira)
- Camarotes – R$540 (inteira)
- Pista Premium – R$360 (meia-entrada legal) | R$720 (inteira)
Vendas:
- Vendas online em: eventim.com.br
- Bilheteria oficial: Engenhão – R. José dos Reis, 425 – Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
- Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h
- Não tem funcionamento em feriados, emendas de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.
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